Dispositivo vai fazer diagnóstico precoce de Alzheimer

Investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) estão a desenvolver um “dispositivo rápido e barato” que permitirá fazer um “diagnóstico precoce do Alzheimer”. O equipamento recorre a biomarcadores, devendo chegar ao mercado “dentro de três ou quatro anos”, estima Felismina Moreira, do grupo de investigação BioMark.

O novo dispositivo terá sensores que detetarão biomarcadores que ainda estão em fase de validação, mas que se acredita estarem associados a esta doença neurodegenerativa. Com esta informação, será mais fácil aos médicos diagnosticarem a doença num estado inicial com mais precisão. Ainda não há cura, mas é possível “atuar no sentido de prescrição de terapias, evitando a progressão rápida da doença” e, quanto mais cedo, melhor, diz Felismina Moreira.

Numa fase inicial da doença de Alzheimer, sobretudo quando ainda não são percetíveis faltas de memória, explica a investigadora, “o médico pode ter dúvidas em fazer o diagnóstico”, não percebendo se o doente estará com demência ou num quadro depressivo. Exames que, atualmente, ajudam ao diagnóstico, como a punção lombar ou TAC, são não só dispendiosos e invasivos, como só detetam a doença numa fase mais avançada.

BASTA UMA PICADA
Atualmente não existe nenhum equipamento deste género a ser utilizado em contexto clínico. A principal vantagem, refere Felismina Moreira, é que o médico poderá utilizar o dispositivo de forma imediata. À semelhança do que acontece para a glicose, basta uma picada para extrair uma gota de sangue para análise. Os resultados deverão demorar cerca de meia hora.

A nova tecnologia é “fácil de usar” e “barata”, “com um custo de produção de cerca de um euro”, acrescenta. Neste momento, os investigadores estão a desenvolver esforços para aperfeiçoar o equipamento, para que o diagnóstico seja “mais preciso e confiável”. Deverá chegar ao mercado “dentro de três ou quatro anos”.

O projeto começou no ano passado e decorre até 2022. Está a ser desenvolvido no âmbito do programa transfronteiriço INTERREG, juntando investigadores portugueses e espanhóis no desenvolvimento de técnicas de diagnóstico e tratamento para doenças neurológicas associadas ao envelhecimento.


O que é
A doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas, como a memória, atenção, concentração, linguagem e pensamento. É a forma mais comum de demência, constituindo cerca de 50% a 70% de todos os casos.


Prevalência elevada
É mais comum nos idosos. Entre os 65 e 69 anos, a demência afeta uma em cada 80 mulheres e um em cada 60 homens. Acima dos 85 anos, afeta uma em cada quatro pessoas. Os dados são mundiais, não havendo estudos específicos para Portugal.


Sem cura
Ainda não existe cura. Existem medicamentos e terapias que atuam nos sintomas, ajudando a estabilizar o funcionamento cognitivo e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes